terça-feira, 20 de março de 2012

“Campanha pela redução foi induzida”

Em discussão, jornalista do Correio Lageano declara:
“Campanha pela redução foi induzida”


O debate sobre o aumento do número de vereadores ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (19 de março). Uma discussão sobre a questão foi promovida pelo programa Clube Comunidade, do comunicador Adilson Oliveira, da Rádio Clube de Lages.

O programa contou tanto com representantes que defendem o aumento do número de vereadores para 19, bem como pessoas favoráveis a manutenção em 12 cadeiras. O assessor jurídico Edson Medeiros representou a Câmara de Vereadores ao passo que o jornalista Thomas Michel falou pelo Correio Lageano. Os empresários Cláudio Bianchini e Charles Postali (Charles da Dimpel), o secretário-executivo da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) Jhonathan da Silva, e líderes comunitários como Aldori Wolff (Pelé), presidente da União Serra das Associações de Moradores e da Associação de Moradores do bairro Gethal, Agessander José de Souza (Belezinha), da Associação de Moradores do bairro Petrópolis, e Volni Scheuermann (Voni), representante do bairro São Miguel, entre outros, tomaram parte do embate.


DISCUSSÃO FOI ACIRRADA

Ambos os lados apresentaram argumentos para defender seus posicionamentos. Secretário da CDL, Jhonathan da Silva argumenta que o aumento de vagas vai gerar mais custos ao município. “Este montante podia ser utilizado para fazer a manutenção ou até mesmo investimentos em áreas como educação, saúde, entre outros. A lei permite que os vereadores gastem até 6%, mas eles têm de devolver o excedente para ser aplicado em outras áreas”.

Ex-presidente da CDL, Claudio Bianchini acredita que o número de 19 vereadores vai aumentar a representatividade. “Eu acredito que da maneira que está, fica um jogo pré-estabelecido de cartas marcadas, somente se elege quem tem poder econômico. Temos que ter mais representatividade, o que não temos o suficiente com 12 vereadores”.

Presidente da associação do bairro Petrópolis, Belezinha contestou a transparência do diário Correio Lageano em algumas reportagens sobre o tema em questão. “O jornal me ligou e eu disse que só dava a entrevista se eles colocassem o que realmente eu falasse. E até hoje não saiu. Eles ligaram para 60, 70 presidentes de associações e lideranças comunitárias e colocam só o que eles querem. Isso é manipulação de informação”, disse.

Representante do Correio Lageano, Thomas Michel confirmou a versão de Belezinha. “Foram entrevistados 72 presidentes de bairros e associações e a gente botou só quem era favorável aos 12. Vou ser bem sincero: Isso é uma campanha jornalística. Quem estudou jornalismo como eu fiz sabe que a gente decidiu”, explicou.

Entretanto, Michel enfatizou que a opinião dos presidentes das associações não foi determinante para a produção das matérias. “A gente fez um levantamento, mas, na verdade, a gente também fez uma campanha em que se levantou 12 mil assinaturas, porque a cidade não é só líder comunitário. A cidade é o povo e estamos ecoando esta vontade”, argumentou. No programa, Belezinha comentou a fala do jornalista. “Esse povo que você fala é esse que vocês não colocam, porque esta é uma campanha induzida”. Thomas Michel respondeu que toda campanha é induzida. “A gente fez uma campanha pela [BR] 282. A gente completou a 282 e foi feita induzida (sic)”.


ADVOGADO CONTESTA A IMPARCIALIDADE DO JORNALISMO DO CORREIO LAGEANO

Representante do Legislativo, Edson Medeiros afirmou que a declaração de Thomas fere a ética jornalística e o papel delegado à imprensa. “Toda a população ouviu que vocês [Correio Lageano] tiveram a coragem de entrevistar 72 líderes de bairro e publicar só quem era a favor da campanha de vocês. Isso é direcionamento de informação, e não o papel da imprensa. Dentro da situação democrática que nós vivemos, a imprensa tem um papel para cumprir e que não é vender aquilo que você quer, mas aquilo que é a realidade. (...) Estão fazendo do Poder Legislativo de Lages o bode expiatório do custo financeiro do município”, desabafou.

Belezinha destacou que a campanha pela assinatura da população foi tendenciosa. “A Democracia não pode ser é induzida. (...) Uma mulher disse que foi no Centro pensando que era sim ou não e disseram que era só não. Campanha se faz ouvindo a opinião do povo, democracia é isso”.


AUMENTO DE VEREADORES NÃO REPRESENTA MAIS GASTOS, SEGUNDO MEDEIROS

Os argumentos utilizados pelo Correio Lageano durante a captação das assinaturas são considerados inválidos por Medeiros. “O que nos entristece é que nesta campanha foi vendida uma mercadoria para a população que não podia ser entregue, ou seja, vendeu-se a ideia de que mantendo os 12 se reduziria custos. Essa foi a forma propalada pela qual se captou 12 mil assinaturas e isso não corresponde com a realidade nem com a legalidade. Induziram a população para uma situação que não é real, não é verdadeira. (...) Somos regidos por uma Constituição Federal, e a Câmara de Lages nada mais está fazendo do que obedecer a ela”.

O empresário Charles da Dimpel usou palavras fortes para expor seu posicionamento sobre a mídia. “A democracia é válida e precisamos dela. Agora, quanto à mídia, ela vem nos sacaneando há 500 anos, desde Gutenberg p****. (...) A mídia, a Veja, a Istoé, eles colocam lá o que eles querem e o Correio Lageano não seria diferente”, finalizou.


MAIORIA DOS OUVINTES SE MOSTROU FAVORÁVEL AOS 19

O comunicador Adilson Oliveira abriu o microfone para a participação de ouvintes via telefone. Das 10 pessoas que expuseram suas opiniões, cinco se manifestaram favoráveis ao número de 19 vereadores, quatro pessoas preferem que a Casa Legislativa permaneça em 12 e um indivíduo afirmou que o número pouco importa, já que o sistema é falho. Saiba quais foram as justificativas de cada escolha:

Votos favoráveis (*):

• Osmar, do bairro da Penha: “Pode ter 19 ou mais vereadores, se diminuir o número de funcionários”.
• Jesus Fernandes, da Brusque: “Vamos aumentar a democracia e a pluralidade para os bairros de Lages”.
• Antônio, do Tributo: “Porque os bairros têm que ter representantes”.
• Luiza, do São Luiz: “Vamos poder ser representados. Estamos até preparados para fazer um abaixo assinado pelos 19”
• Antônio, do Santo Antônio: “Tem que ter mais gente para cobrar o Executivo”.


Votos contra:

• Neusa, do Sagrado Coração de Jesus: “12 já é demais. Os vereadores não deveriam receber salário”.
• Márcia, do Copacabana: “Quem está querendo aumento são os presidentes de associações de moradores”.
• Ademara, do Universitário: “Os vereadores não podem fazer nada, não tem poder de executar obras”.
• Joana, do Santa Clara: “Vereador tem que fazer leis e não representar bairros”.

Os ouvintes não disseram seus nomes completos na transmissão. O áudio da íntegra está disponível para quem desejar, basta entrar em contato com a Assessoria de Comunicação da Câmara de Vereadores de Lages pelo fone 3251-5416, de segunda a sexta-feira, das 13 às 19h.


O QUE PENSAM OS VEREADORES SOBRE O FATO

Depois de ouvirem parte do debate ocorrido na Rádio Clube, os vereadores usaram a tribuna para se manifestar sobre os fatos ocorridos. Os depoimentos foram feitos durante a sessão de segunda-feira (19), no Horário dos Partidos.

ANILTON FREITAS (PTB)
“A campanha tem que mostrar os dois lados e isso não aconteceu. O jornal perdeu a credibilidade depois da confissão do repórter, que revelou que as informações foram manipuladas”, diz o vereador lembrando que a verdade se estabeleceu.

RODRIGO SILVA (DEM)
Rodrigo Silva diz que as pessoas foram atingidas na campanha. “Fomos jogados em uma vala comum e tratados como bandidos, mas eu tenho nome e profissão”. Ele ainda lembra outro fato: “Enquanto colocavam no jornal que não me localizaram para dar entrevista, meu carro estava estacionado no pátio do Correio Lageano porque eu atendia a mãe da senhora Isabel Baggio, a diretora geral do CL”.

LORE BORGES (PSD)
“A comunidade foi jogada contra os vereadores”, afirma o legislador em referencia as matérias veiculadas no jornal. O parlamentar diz que respeita a opinião dos dois colegas que votaram contra o aumento do número de vereadores e as pessoas que assinaram o projeto, mas mantém sua posição.

ADILSON APPOLINÁRIO (PSD)
“Isso aqui é jornalismo”, questiona Adilson Appolinário repudiando a atitude do veículo. Sobre a votação, em março de 2011, o parlamentar diz que foi aos veículos de comunicação falar sobre assunto. Lembra que o projeto de decreto legislativo foi debatido e votado e só quatro meses depois a campanha foi iniciada. “Só estamos regulamentando uma ação realizada no ano passado”.

NEUSA ZANGELINI (PP)
A vereadora Neusa diz que seu voto não foi inconsequente e mantem sua posição. Em relação à campanha realizada pelo jornal diz ser favorável, mas se conduzida de outra forma. “Colete a opinião do público perguntando se é contra ou a favor e por que tem essa opinião. Depois publiquem as repostas na íntegra sem tomar um lado ou outro”.

LEANDRO MORO (PP)
“Estamos defendendo uma ideia e dentro do que preconiza a constituição federal”, destaca. O vereador Moro questiona a veracidade das assinaturas. “Se manipulam as informações desta forma, existe sim a possibilidade de manipulação na coleta de assinaturas”. Ele ainda diz que se fosse um profissional da área sentiria vergonha da postura do repórter que afirmou ser tendencioso na construção da notícia.

ELÓI BASSIN (PP)
“Não vejo publicados os bons projetos aprovados pela Casa. Só vemos o ataque contra os vereadores na capa desse jornal”, afirma. Elói pediu aos presidentes de associações de moradores que apresentem o contraditório ao que foi noticiado. “Temos mais de sessenta presidentes que também são favoráveis a esse aumento, é a hora de se mobilizar e mostrar a verdade”, desafia.

TONI DUARTE (PPS)
Toni diz que, ao contrário do que publica o jornal, não é procurado para conceder entrevista. “Não fui mais procurado. Meus contatos estão sempre à disposição, não é difícil me encontrar”, diz. O vereador ainda lembra que sua posição é bastante clara e firme. “Desde o inicio disse que a manifestação popular é importante, mas nesse caso o projeto não cabe à matéria”. Sobre os gastos da Casa reforça que a informação é distorcida. “Ninguém explica que a lei diz que pode sim aumentar para 19, mas que o repasse de recurso será reduzido. Todos têm que se adequar a uma receita nova”.

MARCIUS MACHADO (PPS)
Contra o aumento desde a primeira votação, Marcius diz que a democracia se faz através do contraditório. “Essa crise vem da desinformação dos veículos de comunicação”, fala em relação às competências do Executivo e Legislativo. O vereador diz que a democracia só vai acontecer quando houver o voto distrital e o financiamento público de campanha.

SIRLEI BORDIN (PP)
Sirlei Bordin diz que também é favorável ao aumento do número de vereadores e que com isso se abre espaço para mais representantes da comunidade. “ São mais ideias, discussões e benefícios para a comunidade”, diz.

AIDA HOFFER (PSD)
Na primeira votação a vereadora Aida Hoffer foi a favor do aumento. Depois da manifestação da comunidade, a parlamentar diz que respeitou as assinaturas apresentadas na Casa, por isso mudou sua opinião. “Sou a favor dos 12 porque acredito na manifestação popular. Votei com a maioria”, diz a vereadora lembrando que não viu a mobilização daqueles são favoráveis aos 19.


SEGUNDA VOTAÇÃO ESTÁ MARCADA

A segunda votação da emenda aditiva 001/2012 que acrescenta parágrafo único à Lei Orgânica do Município ocorre na próxima segunda-feira, dia 26, a partir das 18h. A adição regulamenta o número de 19 vereadores para a próxima legislatura (2013-2016). Na primeira votação foram nove votos favoráveis e dois contra (dos legisladores Aida Hoffer e Marcius Machado).



TEXTOS:

Everton Gregório e Taina Borges

Comunicação - Câmara de Vereadores de Lages
everton@ camaralages.sc.gov.br
taina@camaralages.sc.gov.br
Fone: 3251-5416

Fotos: Elisandra Pandini

Lages, 20 de março de 2012.

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